Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique
Mandetta, que pilotou o combate à pandemia do novo coronavírus até duas semanas
atrás, ganhou popularidade durante a crise, em parte pela maneira didática com
que explicava a doença e as formas de se proteger dela. Mas o ex-ministro
também ganhou confiança de boa parte da população (64% discordaram de sua
demissão) por tratar o problema de forma muito transparente. Muitas das
projeções feitas por ele sobre o avanço da pandemia estão se confirmando hoje.
Nos últimos dias, uma das previsões
mais preocupantes feitas por Mandetta vêm tomando contornos de realidade: o
colapso do sistema de saúde. De acordo com o ex-ministro, o “apagão sanitário”
ocorreria no final de abril. “Claramente, em final de abril nosso sistema de
saúde entra em colapso”, disse Mandetta em 20 de março, em uma reunião com o
presidente Jair Bolsonaro e um grupo de empresários. Em seguida, o então
ministro explicou: “O que é um colapso? Você pode ter o dinheiro, o plano
de saúde, mas simplesmente não há sistema para você entrar”.
Na ocasião, a fala de Mandetta gerou
desconforto no presidente, que afirmou, no dia seguinte, que o subordinado
havia “exagerado”. Hoje, em 29 de abril, passados 39 dias, a explosão de
casos de infecção pelo novo coronavírus (78 mil ao todo e mais de 2.600 nas
últimas 24 horas) já esgotou os leitos de UTI no Rio de Janeiro, que vem
mandando pacientes para hospitais no interior do estado, a mais de 150
quilômetros da capital.
Em São Paulo, a situação também
começa a ficar crítica, com 85% de ocupação dos leitos de UTI em toda região
metropolitana. Em três dias, o número de atendimentos a casos suspeitos de
Covid-19 no sistema de saúde da capital paulista quadruplicou, passando de 812
por dia (média até 23 de abril) para 3.355 em 28 de abril.
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