BRASÍLIA -
Descrente de que o governo reúna os 308 votos necessários para aprovar a
reforma da Previdência até o final de fevereiro, o presidente da Câmara
dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já prepara o discurso em que anunciará o
engavetamento da matéria, segundo apurou o Estadão/Broadcast.
Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Maia deve
responsabilizar o Palácio do Planalto por não ter obtido apoio suficiente à
proposta. Para evitar que o
ônus do anúncio recaia sobre o Congresso Nacional e, muito menos, sobre ele,
Maia deve responsabilizar o Palácio do Planalto por não ter obtido apoio
suficiente à proposta. Deve dizer, ainda, que não vale a pena colocar a matéria
em votação para ser derrotada. Nos bastidores,
outras lideranças partidárias também dão como certo de que a proposta será
engavetada. A maioria suspendeu as articulações em torno da reforma da
Previdência durante o período carnavalesco. Só devem retomar as conversas a
partir deste domingo. Sem o placar mínimo de votos para aprovação, a
expectativa é de que o início da discussão em plenário, antes previsto para
esta segunda, 19, seja mais uma vez adiado.
O próprio relator
da reforma, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), viajou ao exterior com a
família na semana passada e só retorna domingo, 18, segundo sua assessoria. Os
principais líderes também só devem chegar a Brasília no domingo ou na segunda,
19, entre eles, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e André Moura (PSC-SE), líderes do
governo na Câmara e no Congresso, respectivamente, e Baleia Rossi (SP), líder
do MDB, partido do presidente Michel Temer. Segundo
interlocutores, Rodrigo Maia decidiu que cumprirá seu “papel institucional” de
presidente da Câmara ao anunciar que não pautará a votação da reforma antes das
eleições. Esse anúncio deve ser feito antes mesmo do dia 28, data limite
prevista para a votação. Até então, o parlamentar fluminense resistia em fazer
esse anúncio e se mostrava muito incomodado com o discurso do governo de
transferir para os deputados a culpa pela frustração com a reforma.
Avaliação do grupo
de Maia é de que o anúncio pode favorecer a candidatura dele à Presidência da
República, pois o descolaria de uma pauta impopular. O parlamentar fluminense,
contudo, pretende manter o discurso de que a reforma é “"necessária” e
investir na tese de que as eleições presidenciais de outubro é que resolverão o
futuro da proposta.
Igor Gadelha, O Estado de S.Paulo.
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