O presidente Michel Temer já
começou a avisar seus principais interlocutores que está disposto a disputar a
reeleição presidencial, conforme
antecipou o BR18. Apesar dos baixos índices de aprovação do seu governo -
6% segundo o último levantamento do Instituto Ibope -, o presidente acha que
ninguém melhor do que ele será capaz de defender seu legado e sua própria
honra. Mesmo sabendo que esse patamar de popularidade é um obstáculo pesado
para sua candidatura, Temer acha que poderá melhorar de situação com a
confirmação da recuperação da economia e com outras medidas que pretende adotar
até o final de seu mandato.
© Rafael
Arbex/Estadão Apesar dos baixos índices de aprovação do seu governo,
Michel Temer está disposto à reeleição.
Temer não tem a pressão do
calendário eleitoral, já que pela legislação ele não precisa deixar o cargo até
abril para concorrer - como acontece, por exemplo, com o ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles. Este precisa, obrigatoriamente, deixar a pasta nos próximos
dias se quiser concorrer ao Planalto. Por isso, Temer não tem pressa - pode
decidir até julho - e vai esticar ao máximo o anúncio oficial de sua candidatura.
Com isso, evita também a politização de todas as futuras ações de seu governo.
Quando assumiu o governo,
Temer se comprometeu com os partidos aliados a não tentar uma eventual
reeleição em troca da sustentação política. O problema é que o quadro que havia
em 2016 mudou radicalmente, na sua avaliação. O senador tucano Aécio Neves
(MG), que poderia ser um candidato em potencial em 2018, saiu do páreo depois
das investigações abertas a partir do escândalo da J&F. Além disso, depois
de ser central na formação do primeiro escalão de Temer, o PSDB passou a adotar
tom crítico e se afastou do governo federal.
Alckmin. Temer
também se considerou liberado de qualquer compromissos formal com o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin, depois de avaliar que o pré-candidato tucano não
fez força para impedir que a bancada paulista do PSDB votasse a favor dos
pedidos de seu afastamento. A relação também mudou com o
deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, que também já se lançou
pré-candidato ao Planalto, com o discurso de afastamento do governo e afirmando
que não defenderia o legado de Temer. É esta a mensagem que Maia tem
apresentado na maratona de viagens pelo País iniciada na sexta-feira passada.
Com a relação mudada, Temer se sente liberado para não manter a promessa e tentar
se viabilizar para buscar um novo mandato. O grande desafio, porém, é que Temer
sabe que sua baixa popularidade faz com que vários de seus aliados, dentro do
MDB, preferissem que ele cumprisse apenas seu mandato até o fim e liberasse o
partido para tomar outros rumos. Em vários Estados, como Ceará, Alagoas e
Goiás, inclusive, o MDB deve fechar alianças regionais com o PT, que hoje
representa o principal opositor ao Planalto. Além disso, uma recuperação da
economia mais lenta do que o esperado pode frustrar de vez os planos do
presidente e convencê-lo a desistir da empreitada.
Alternativa. Se
ficar convencido de sua inviabilidade, Temer fará o movimento na direção de
outro nome, como o do ministro Henrique Meirelles. Mesmo que não se filie ao
MDB, mas sim a outra legenda, Meirelles seria uma boa alternativa na visão do
presidente. Alguns fatores fizeram com que o presidente
se motivasse a tentar um novo mandato. Quer defender sua biografia pessoal e
profissional. Acha que na campanha poderá mostrar que conduziu o País para a
recuperação econômica num dos momentos mais graves de nossa história. Também quer rebater os
ataques pessoais que vêm sofrendo - e que considera injustos. Fora da corrida
pelo Planalto, Temer sabe que perderá protagonismo político, já que não
representará mais perspectiva de poder. Como candidato, esse prazo de validade
se amplia.
Segurança. Para
se fortalecer, Temer já tem tomado medidas de apelo popular. Assumiu o discurso
da segurança pública, com a decisão de autorizar a intervenção nessa área no
Rio, anunciada em fevereiro. Sem conseguir apoio no Congresso, também deixou de
lado a desgastante proposta de reforma previdenciária. E, agora, já sinaliza
com a possibilidade de aumentar o valor do Bolsa Família, mirando diretamente
na camada mais pobre da população.
Durante seu mandato, ele foi denunciado duas
vezes pela Procuradoria Geral da República, com base nas delações de executivos
da JBS, mas as denúncias foram derrubadas em votação no plenário da Câmara.
Marcelo de Moraes/ Estadão - MSN Brasil
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