Agência Brasil |
Funcionários
dos Correios afirmam que devem entrar em greve no próximo dia 18,
alegando que tiveram 70 direitos revogados, como 30% do adicional de risco,
vale-alimentação e auxílio-creche. De acordo com a Federação Nacional dos
Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a
categoria entrou em estado de greve e vai realizar assembleias regionais no dia
17 para confirmar a paralisação.
Em
nota publicada em seu site, a federação aponta que os Correios desrespeitaram
um acordo coletivo vigente até 2021, e que funcionários receberam o
contracheque de agosto com descontos indevidos. "Não estamos fazendo uma
reivindicação, estamos tentando manter o que a gente já tem há mais de 30
anos", afirma José Rivaldo da Silva, secretário-geral da Fentect.
A
Fentect ainda afirma que houve aumento na participação dos planos de saúde,
enquanto houve redução da parte da empresa, algo incompatível com a média do
piso salarial dos funcionários, de R$ 1,7 mil. "Já saíram mais de 40 mil
pessoas do plano por não conseguirem pagar. Hoje, estamos pagando 50% de todo o
custo, sendo que antes era 10%, e em 2017 passou a ser 30%", diz Rivaldo.
Além
disso, a federação afirma que há “descaso e negligência da empresa com a vida
de trabalhadores e clientes” durante a pandemia. De acordo com a publicação no
site da Fentect, os sindicatos estão travando diversas disputas judiciais para
haver maior distribuição de itens de segurança, como sabonete, álcool em gel,
desinfecção de agências e testagem de trabalhadores.
O
sindicato também diz que os Correios se negam a fornecer os dados de
funcionários e terceirizados infectados pela covid-19 e a quantidade
de óbitos pela doença. O secretário-geral da Fentect afirmou que mais de 50
funcionários morreram em decorrência do novo coronavírus, e que falta
transparência no órgão.
Para a
federação, os Correios têm passado por sucessivos desmontes, como justificativa
para uma futura privatização. "É um sucateamento que se agravou nos
últimos anos, que se junta ao enxugamento da empresa, em que fazem um plano de
demissão voluntário, mas não preveem reposição por meio de concurso", diz
Rivaldo.
Necessidade
de adequação
Procurados
pelo Estadão, os Correios responderam que não descumpriram nenhuma lei, e
que precisaram "se adequar não só ao que o mercado está praticando, mas,
também, ao que está previsto na legislação", por causa da dificuldade
financeira da empresa. "Os Correios esclarecem que não pretendem suprimir
direitos dos empregados. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao
que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando todos os direitos
dos empregados", aponta a nota enviada pela empresa.
Os
Correios também afirmam que as reivindicações da Fentect gerariam um acréscimo
de R$ 961 milhões nas despesas, quase dez vezes o lucro do ano de 2019. De
acordo com Rivaldo, não haveria nenhuma despesa extra, pois os benefícios já
estavam garantidos.
Quanto
à distribuição de equipamentos de segurança, os Correios disseram que não
procede a falta de distribuição, e que seguem adotando medidas de proteção,
como o recebimento de máscaras laváveis e álcool em gel, além da sanitização do
ambiente em caso de suspeita de contaminação.
A
empresa não divulgou o número de funcionários contaminados e de óbitos pela
covid-19, alegando compartilhar essas informações apenas com as autoridades
competentes.
Reação
do governo
O
secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim
Mattar, criticou a possibilidade de greve dos funcionários dos Correios em
plena crise da pandemia da covid-19. Segundo ele, os funcionários ameaçam
deflagrar uma nova greve a partir de amanhã.
“A
empresa nos últimos 12 anos só não entrou em greve no ano da campanha da
ex-presidente Dilma em 2010. Estatais são foco das greves que atormentam o
País”, escreveu Salim em mensagem na sua rede social.
Salim
publicou gráfico com dados sobre as greves nas empresas estatais desde 1984. Em
2018, as greves somaram 73. O pico (171) foi em 1989.
Informações:
Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário