O
empresário Henrique Constantino, um dos sócios da companhia aérea Gol, citou em
acordo de delação premiada o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como
envolvido em "benefícios financeiros" por meio da Abear (Associação
Brasileira de Empresas Aéreas), segundo informações obtidas pela Reuters.
A
menção a Maia e a outros sete parlamentares e ex-parlamentares consta do Anexo
7, um dos 10 anexos do acordo de colaboração que o empresário firmou em
fevereiro com o MPF (Ministério Público Federal), que foi homologado pela
Justiça Federal em Brasília.
O
conteúdo da delação que envolve o presidente da Câmara e os demais
parlamentares e ex-parlamentares, que foi obtido pela Reuters, está sob sigilo.
Em
entrevista durante viagem que faz a Nova York, Maia disse que Constantino está
mentindo e que esse será “mais um” dos casos de investigação arquivada.
“Nunca
me pagou nada, isso é mentira dele. Não tem como provar e vai ser mais um
inquérito arquivado na Justiça brasileira”, afirmou Maia, ao chegar para um
jantar com empresários e investidores estrangeiros organizado pelo Grupo Safra,
na segunda-feira.
“Nunca
tive relação com ele, nunca tive nenhum benefício deles. Como outras delações
que já foram arquivadas, como da Odebrecht, essa vai ser arquivada também”, completou.
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O
presidente da Câmara disse que não conhece o empresário e que vai dar
explicações à Justiça com “a maior tranquilidade do mundo”.
“Nunca
falei com ele na minha vida”, afirmou.
Em
nota, a Abear disse desconhecer os fatos e o teor da delação de Constantino.
"Caso
a entidade seja procurada pela Justiça para esclarecimentos, estará à
disposição", acrescentou.
A Gol
afirmou, também em nota, que Constantino não faz parte da administração da
empresa desde o final de julho de 2016, quando deixou o conselho de administração,
e disse que a companhia sempre esteve à disposição e colaborou com as
autoridades.
Temer
e outros
Na
delação, Constantino acusou também, em depoimento ao Ministério Público Federal
em Brasília, políticos do MDB — como o ex-presidente Michel Temer, o
ex-ministro Geddel Vieira Lima e o deputado cassado Eduardo Cunha.
Na
delação, o empresário disse que houve pagamentos de propina em troca da
liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal para suas empresas.
Henrique
Constantino relatou, em depoimento feito no dia 25 de fevereiro a procuradores
da República, que participou de uma reunião com o então vice-presidente da
República Michel Temer, em 2012, na qual houve a solicitação de 10 milhões de
reais em troca da atuação dos emedebistas em favor dos financiamentos
pleiteados pelo seu grupo empresarial na Caixa.
Segundo
o empresário, o repasse de 10 milhões de reais foi efetuado por meio de
pagamentos para a campanha a prefeito de São Paulo de Gabriel Chalita, à época
filiado ao MDB, por meio de empresas indicados pelo doleiro Lúcio Funaro.
Temer,
que está preso desde a semana passada e deve ter julgado nesta terça-feira um
pedido de liberdade pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou qualquer
irregularidade, por meio de nota da defesa.
Por Reuters
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